Orixá da varíola e das doenças epidêmicas. Omolu está ligado ao interior da Terra (ninù ilé) e isso denota uma intima relação com o fogo, já que esse elemento, como comprovam os vulcões, domina as camadas mais profundas do planeta.
Toda reflexão em torno de Omolu ocorreu colocando-o como um orixá ligado à terra, o que é correto, mas não deixa de ser um erro desconsiderar sua relação com o fogo do interior da Terra.
O que pode ser mais devastador que o fogo? Só as epidemias, as febres, as convulsões lançadas por Omolu!
Omolu é o fogo que varre, que arrasa para a morte (como as lavas de um vulcão). Uma cantiga de Jagun (uma qualidade guerreira de Obaluaiê, comprova o que foi dito:
Ele é o senhor que pode afligir o mundo com pestes e doenças.
Pode afligir a Terra e devastar como fogo.
Pode afligir o despertar e o adormecer.
Ele é Ajagunán
Orixá cercado de mistérios, Omolu é um deus de origem incerta, pois em muitas regiões da África eram cultuados deuses com características e domínios muitos próximos aos seus.
Omolu nasceu com o corpo coberto de chagas e foi abandonado por sua mãe Nanã Buruku, na beira da praia. Nesse contratempo, um caranguejo provocou graves ferimentos em sua pele. Iemanjá encontrou aquela criança e a criou como todo amor e carinho; com folhas de bananeira curou suas feridas e pústulas e a transformou em um grande guerreiro e hábil caçador, que se cobria com palha-da-costa (ikó) não porque escondia as marcas de sua doença, como muitos pensam, mas porque se tornou um ser de brilho tão intenso quanto o próprio sol. Por essa passagem, o caranguejo e a banana-prata tornaram-se os maiores ewò de Obaluaiê.
O capuz de palha-da-costa – azê (azé) cobre o rosto de Obaluaiê para que os humanos não o olhem de frente (já que olhar diretamente para o sol prejudica a visão).
Existe um oriqui que mostra a riqueza de Omolu e ratifica sua relação com a morte e sua indentidade com o sol.
Meu pai, filho de Savé Opara.
Meu pai que dança sobre o dinheiro.
Ele dorme sobre o dinheiro e mede suas pérolas em cântaros.
Caçador negro que cobre o corpo com palha-da-costa,
Não encontrei outros orixás que façam, como ele,
Uma roupa de pele adornada com pequenas cabaças.
Não queremos falar (mal) de alguém que mata e come gente.
Veremos voltar, na estrada do campo, o cadáver inchado
Daqueles que isultam Omolu.
Ninguém deve sair sozinho ao meio-dia.
Aspectos Gerais
SAUDAÇÃO: Atotoó!
DIA:Segunda-feira
DATA:13 ou 16 de agosto
METAL: Chumbo
CORES: Preto, branco e vermelho
COMIDAS: Pipoca (deburu), abado, mostarda (latipá) aberém
SÍMBOLOS: Xaxará ou Íleo, lança de adeira, lagidibá
ELEMENTOS: Terra e fogo do interior da Terra
REGIÃO DA ÁFRICA: Empé ou Mahi (no ex-Daomé)
PEDRA: Turmalina negra
FOLHAS: Canela-de-velha, picão, erva-de-bicho, velame, manjericão roxo, barba-de-velho, mamona (ewé lará)
ODU QUE REGE: Odi, Etaogundá, Obeogundá
DOMÍNIOS: Doenças epidêmicas, cura de doenças, saúde, vida e morte